Março está aí à porta...

Opinião de Miguel Freitas, jornalista no zerozero.pt.

Foto: Futebol Clube do Porto

Vivem-se momentos de incerteza no FC Porto. Não falo da questão desportiva, pois essa daria para estarmos aqui durante umas belas semanas. Existem vários temas que ainda não têm resposta e, muito provavelmente, nunca vão ter. Desde o desaparecimento misterioso do David Carmo (meus ricos 20 milhões…), das sucessivas lesões do Gabriel Verón ou da aposta recorrente num dos piores laterais da história do clube.

Falo, sim, do momento mais negro desde 1893, a Assembleia Geral Extraordinária, que contou com vários desacatos entre adeptos, pouco antes das eleições que, ao que tudo indica, serão em março. Bem sabemos que a presidência de Jorge Nuno Pinto da Costa nunca tinha sido tão ameaçada como está a acontecer este ano, fruto de decisões questionáveis em todas as vertentes dos azuis e brancos.

No passado, alguns portistas tentaram fazer-se ouvir para “ameaçar” a cadeira de sonho, mas sempre sem sucesso. Se precisamos de um novo caminho, temos de contar com pessoas à altura do clube que amam.

E essa descrição assenta que nem uma luva a André Villas-Boas, um dos treinadores com mais sucesso num passado recente. Quem não se lembra da conquista épica do campeonato diante do Benfica, com uma goleada por 5-0 ou da Liga Europa em Dublin, frente ao Braga? Apesar de ter saído a mal (assumiu o comando técnico do Chelsea no ano seguinte), o português tem alimentado o desejo de voltar ao FC Porto e na posição de presidente.

Por esse motivo, e apesar da candidatura ainda não estar formalmente entregue (será em janeiro?), tem existido uma divisão entre a massa adepta portista, que continua a ser muita grata a Jorge Nuno Pinto da Costa, mas vê necessidade de mudança.

Pelos vistos, esta tomada de posição tem incomodado muita gente, que tenta silenciar a todo o custo vozes contrárias e que resultou no dia 18 de novembro de 2023. As ameaças sucedem-se e André Villas-Boas já viu a sua casa ser vandalizada e um dos seus seguranças agredido. Coincidências? Acho que não…

A liberdade de opiniões é um dos pilares da democracia. Sem esta liberdade, nunca vamos conseguir chegar a bom porto para construir um futuro de vitórias no FC Porto. Desde 1981 que a presidência tem um nome, mas em 2024, mais do que nunca, parece existir uma passagem de testemunho. Agradecemos que seja pacífica, de modo a tornar todos os processos mais fáceis.

Quem não se lembra da saída de Bruno de Carvalho e a entrada de Frederico Varandas no Sporting? Tivemos um exemplo em Lisboa e não vemos necessidade de o repetir. É um momento novo no universo do FC Porto, mas necessário.